terça-feira, 13 de julho de 2010

A árvore mais forte.


Andava ruas e ruas a procura de algo que realmente o satisfizesse, pensava sempre: “Que mal tem eu ser feliz, só por uma noite? Que mal tem encontrar a felicidade no fim dessas ruas tão geladas?”. Pensava sempre com tristezas nas coisas que vinha acontecendo na sua vida. Não queria mais dormir sozinho, inventava personagens que dormissem com ele uma noite pelo menos. Trocava de personagem a cada noite. Um dia era uma mulher um tanto quanto vulgar, no outro dia aparecia uma mulher de vestidos floridos com o rosto dócil e com um semblante delicado. No outro dia aparecia uma mulher um tanto quanto má. E assim eram suas noites, elas iam trocando de personagens para que Fernando não se sentisse só. De manhã se levantava e ia se olhar no espelho, era um homem bonito, um homem com os traços um tanto quanto fortes, tinha a pele branquinha, lábios carnudos e os olhos fortes. Cabelos escuros e corpo definido. Era um homem desejável, era uma pessoa de dar gosto de se ver por fora. Era infeliz – dizia sempre pra si mesmo. Não tinha encontrado ninguém que o completasse a ponto de deixa-lo feliz, não tinha alguém que não o deixasse sozinhos nas noites das semanas geladas. Não tinha motivo para ser realmente feliz. Pensava se existia algum certo de problema em matar a saudade que tinha no peito, ficava triste por não conseguir matar essa saudade agoniante que o agonizava todas as noites. Tinha saudade de algo que não conhecia. Fernando não aguentava tal pressão. No dia seguinte quem passasse na frente da sua casa veria um enorme jardim e em uma das árvores mais altas e fortes da casa de Fernando poderiam vê-lo pendurado por uma corda. Todos pensavam: “Era tão bonito o rapaz, era tão forte e tão infeliz”. Era o que Fernando pensava todos os dias até se suicidar. Mas quem quisesse olhar para o seu corpo poderia ver: Estava leve. E morreu sorrindo, e foi isso que tanto desejou.

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