quarta-feira, 30 de junho de 2010

Minhas juras


Ouvi certas vezes algumas pessoas garantindo sentimentos de outras na minha frente, elas garantiam que tal pessoa a amava. Ela jurava, ela acreditava naquilo mesmo sem saber, sem tocar. Como ela sabia que não servia de tapa buraco? Como ela sabia que não servia de cimento para aquela casa velha? Como sabia que não servia de pano para remendar aqueles retalhos? Ela se doava para aquela pessoa, se entregava de corpo e alma jurando que tudo aquilo fosse dividido igualitariamente igual. Amar dói, e ela não conhecia esse lado por estar enganado com falsos amores. Mas amor é isso né? Curar a pessoa até que ela esteja completamente salva, pronta para outra partida sem-volta de amor. Ao saber que essa pessoa estava tão pouco ligando para as dores profundas causadas no seu pequeno coração vermelho, ela então deu meia-volta e foi embora. As vezes a pessoa que tanto desejamos aparece, as vezes nos enganamos pensando que aquela era realmente a pessoa. Continuaremos jurando amores, continuaremos acreditando nele.. Porque senão nós estaremos todos perdidos, não?

domingo, 20 de junho de 2010

Trágica.


Tinha a mesma rotina todos os dias. Arrumava a casa por inteira, colocava objetos nos seus devidos lugares depois de tirar o pó de um por um. Arrumava as cortinas de uma forma em que o sol não pudesse entrar, nem ao menos aparecer um pedaço da luz. Limpava o chão e deixava a louça no seu devido lugar, limpa como sempre, brilhando, tinindo. Era assim que tudo ficava, todos os dias da semana e até mesmo do ano. Passava a maior parte do meu dia arrumando a casa. As vezes acordava até no meio da noite para ver se tudo estava em ordem. Paranoia minha, quem iria bagunçar aquela casa? Se eu morava sozinha? Sempre quando arrumava a casa, tomava banho em seguida para tentar tirar o peso das minhas costas por me sentir suja. Arrumar a casa era uma forma de fingir que eu estava bem comigo mesma, eu poderia controlar onde os objetos ficariam quando eu queria, poderia mudá-los de lugar, poderia não deixar o sol entrar na minha casa, poderia limpar todos os degraus daquela enorme casa, poderia deixar tudo no seu devido lugar. Mas eu não poderia deixar a minha vida em ordem, não podia controlar os meus sentimentos e muito menos os meus pensamentos, não podia controlar o choro. As vezes, segurando ainda a vassoura eu colocava uma das minhas mãos no meu rosto e chorava por horas, logo em seguida eu me arrumava e ia arrumar a casa de novo. Minha vida era trágica, suja. Diferente daquela enorme casa branca.

sábado, 19 de junho de 2010

Suicidio.


Olhei para os lados e me deparei com o vazio. Olhei para dentro, e não vi absolutamente nada. Corri ruas e ruas, entrei em bares e não via nada além de garrafas jogadas pelo chão. Entrei em ruas desertas e não via nada além de solidão. Tentei ver mais a fundo nessas ruas desertas e solitárias, mas não vi nada além. Tinha perdido a magia de ver coisas bonitas, tinha perdido a vontade de conseguir enxergar algo além. Entrei em um bar e gritei bem alto: - “SOCORRO, alguém esta ai?”. Não ouvi nada além do eco da minha voz, olhei pra dentro de mim mesma e gritei para que eu pudesse ouvir: -”Socorro, você pode me ajudar?”. Nem eu mesma quis me ajudar a sair da escuridão em que entrará. Peguei algo que pudesse ser bom o bastante para atravessar o meu corpo pesado para deixar minha alma finalmente em paz. Antes de cometer tal suicídio tive o meu ultimo grito de socorro: -”Você nunca mais poderá me salvar ”.. “Poft”, foi a ultima coisa que ouvi. Morri sorrindo. Era isso que eu desejava.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Sou humana, eu sinto.


Nas noites mais escuras de inverno, logo quando estava chovendo, ao som do piano vou para fora da minha casa e me sento na neve e fico sentindo ela cair sobre mim. Ando meio sem rumo nesses dias de frio, vou a floresta e dou de cara com o desconhecido e logo em seguida volto com a cara cheia de lágrimas para o que eu acho que conheço. Meio vagamente eu me lembro de uma vida que nunca foi minha, meio vagamente eu me lembro dos olhares das pessoas debochando da minha cara por decidir finalmente mudar de vida. E esses olhares profundos e maldosos nunca me impediu de continuar a fazer o que eu achava que acreditava, nunca fui forte, mas decidi ser quando resolvi mudar a minha vida. Estava cansada de trocar o dia pela noite, não queria mais deixar o meu corpo junto com a minha alma servir de brinquedo para desconhecidos. Ia para um quarto de hotel com qualquer homem que me desse o que comer no dia, deitava e tirava minha roupa.. Me embrulhava com o lençol daquele quarto de hotel sujo do gozo da ultima transa. Ficava quieta por alguns segundos enquanto eles alisavam o meu cabelo, ficava quieta pensando e desejando que aquilo acabasse rápido. Quando terminava de dar prazer para alguém que nem conheço, quando eu terminava de chicotear a minha alma, eles jogavam o dinheiro na cama e saiam alegres por ter conseguido pagar pra uma mulher dormir com eles. E ficava ali deitada, me sentindo suja, pensando: - Suja, suja, suja suja!! Tomava três banhos antes de ir embora, pintava minha cara com uma máscara para não conseguirem ver a minha dor - certamente se olhassem nos fundos dos meus olhos pretos, veriam eterno sofrimento. Depois de me deitar com estranhos, eu dançava para estranhos.. Exibia o meu lindo corpo torneado em cima de um pequeno palco ao som de uma musica qualquer desde que seja vulgar, e dançava para eles para ter o que comer. Eles me tratavam como uma qualquer, como uma vagabunda que não sente.. Pensavam que por eu ser uma garota de programa eu não sentia. Enganados. Sofria sempre ao me deitar com os seus corpos sujos. Enganados, sofria sempre por só poder fazer isso pra ter o de comer. Eu sinto, sou humana. Dizia sempre baixinho para mim mesma quando chegava em casa. Trocava de roupa e deitava na cama, chorava um pouco e acordava para um mais novo dia de luta... Sempre ao lembrar dessa vida, as lágrimas vem mesmo sem eu querer. A vergonha fica estampada na minha cara. Depois de um tempo fugi, tentei na verdade fugir de mim.. Mas não tem como, o passado sempre irá me atormentar, mesmo morando do outro lado do mundo. Por isso que o meu inverno são sempre acompanhados de uma lágrima não chamada. E eu continuo dizendo baixinho pra mim mesma: - Sou humana, também sinto.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

"Tenha um ótimo dia, querida"


Tenho me sentido tão só ultimamente. Fico trancada nesse quarto onde as quatro paredes são a minha escapatória. Meu futuro e o meu passado são brancos. Eles não foram vividos adequadamente. A ultima escapatória que tive foi inventar pessoas. Desenhei rostos de pessoas nas paredes desse quarto branco. E em cada pessoa que desenhava.. Escrevia pela manhã: “Tenha um bom dia querida, e procure sair viva dele”... Fui adaptando essa frase à minha vida, fui absorvendo ela até que consegui entende-la. Percebi que para eu ter um bom dia eu precisava só sair viva dele. Passei a cantar o dia inteiro musicas de amor, quando descobri que poderia sair viva dos meus dias mesmo trancada naquele quarto branco pintado com rostos de pessoas que nunca vi na vida. Até um certo dia que eu quis viver todas as histórias de amor que e tanto cantava.. Abri a janela e recitei a seguinte frase ao sol: “Tenha um ótimo dia querido, e aqueça todos os corações partidos”. No dia seguinte abri a janela quando já era noite e recitei a seguinte frase à lua: “Tenha uma ótima noite minha querida, e ilumine vidas sem luz”. E fui tendo a minha liberdade abrindo janela por janela, até chegar a tão esperada porta. Até um dia em que eu cansada desse meu livro todo em branco, abri a porta e fui escrever a minha própria musica feita de amor.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Nas madrugadas frias..


Nas madrugadas frias de sábado nas ruas mais solitárias de são paulo, a unica coisa que serve de luz são os cigarros acesos na frente dos bares que servem de consolo. Um drink e mais um drink. Conversas vem e conversas vai. Noites de prazer aqui e noites de prazer ali. Vontade de saciar o desejo que ficou preso por uma semana. Vontade de jogar toda a pressão e enfim imaginar o orgasmo e se sentir bem. Afim de sentir o prazer correr nas veias. Me vê mais um drink. É o que pedem depois de tanto beber e de tanto afundar o prazer nos cigarros. Me vê mais um drink. É o que pedem depois de uma semana cheia de trabalhos. Me vê mais um drink. É o que pedem por ter sido tão solitários ao decorrer da semana. E eles são: Pessoas frias. Tentando se aquecer nas noites de inverno. E eles são: Pessoas frias. Tentando ao menos sentir calor uma vez na semana. E o que adianta? Amanhã dormirão sozinhos de novo... E no dia seguinte afundaram de novo as mágoas nos cigarros. E no dia seguinte afundaram de novo as mágoas nas bebidas. Pessoas fracas. É o que são.