
Um menino bem diferente do que eu pensava, ensinou tudo que eu sei sobre o amor. Ah meu deus, como eu o amava, amava seu cabelo, sua barriga, o contorno perfeito da sua boca, seus olhos marcantes.. Suas sombrancelhas grossas. Amava cada parte do seu corpo, cada pelo que existia nele, cada fio de cabelo. Sim, eu o amava da cabeça aos pés. Ele era meu "tudo", meu "começo". E nunca o fim.
As vezes eu passava o dia inteiro na varanda da minha casa só pensando, quando ia vê-lo aquele menino dos lindos olhos escuros outra vez? Eu passava o dia inteiro pensando como seria o nosso 'encontro', ele ocupava todo meu tempo. Ele era o tempo, ele era o meu tempo. Eu ficava pensando com os meus botões se existia algo mais perfeito que aquilo. Sempre que pensava nisso ria, porque não existia. E em minha mente eu tocava levemente seu corpo. E o pior que quando isso acontecia, eu sentia a sensação de estar com ele. Eu tocava seu rosto de olhos fechados.. E imaginava ele retribuindo tanto amor.
Eu o conheci em um baile qualquer, sabe.. Um dia qualquer. Sabe esses dias que você acha que nada de bom irá acontecer? Foi quando um menino moreno, dos olhos tão perfeitos me chamou. Mas nem foi amor à primeira vista, eu nem acreditava nisso. Foi amor à primeiro beijo mesmo, coisa estranha de se dizer. Passamos a nos encontrar sempre. Meio estranhos esse negócio de se encontrar às escondidas. Me sentia Julieta.. E sim, ele era o meu grande Romeu.
Eu implorava cada gota de amor que vinha dele, era uma modo meio ridiculo de amar. Mas eu consegui até um certo tempo. Essa coisa estranha tomava conta de mim como se eu fosse dele. Mas eu nunca fui de ninguém, eu era minha. Mas enquanto eu o amava, eu era dele. Só dele. Era estranho isso tudo, mas eu tinha me acostumado à ver seu rosto bonito. E depois de um tempo ele não era mais o meu "tudo", nem o meu "começo".. Ele virou meu "fim".
Foi doloroso perder algo de extrema importância, algo que realmente tomava conta de todos os desejos existentes dentro do meu corpo. Hoje eu vejo que por sorte não morri de amor, pode ser exagero, mas é algo totalmente real. As pessoas deveriam tentar morrer de amor, pelo menos uma vez. É incrível.. Apesar de doloroso.
Depois de um certo tempo, eu e o Romeu voltamos à nos encontrar, escondidos outra vez. Dali pra frente minha vida estava completa e, depois de um certo tempo, ele disse que aquilo havia completado a dele também. Nunca psssou pela nossa cabeça que aquilo viria a ser assim, sabe.
Mas nós continuamos a nos perder dentro do outro, dentro do que muitos chamam de amor.. Mas a gente chamava de, "sobrevivência". Nos viamos quase todo dia, e sempre quando a gente se via.. Mesmo sendo no mesmo lugar, na mesma hora, tudo era sempre diferente. Sempre seu olhar mais e mais intenso, cada vez mais ele me tocava de um jeito surreal.
Eu o amava de um jeito totalmente estranho, pensava que se ele me deixasse, eu o seguiria até o tê-lo novamente. Pensava que nós dois iríamos para o paraíso juntos, quando a gente morresse. Mas na verdade, eu encontrava o paraíso toda vez que ele tocava nos meus lábios. Romeu se declarava pra mim o tempo todo, ele era o amor em pessoa. Ele era o meu Romeu, só meu Romeu.
Até um certo dia que Romeu disse..
- Tenho que partir, Julieta. Só que dessa vez não posso levá-la.
Pensei que por um momento que aquilo era uma piada de mal gosto que Romeu aprontará comigo, ele sempre foi cheio dessas coisas.. De brincar com coisa séria. Quando o encarei vi que era totalmente sério o que ele estava dizendo. Então, dei meia volta e fui embora. Apesar de Romeu ter deixado Julieta, e isso faz com que essa história não seja realmente de "Romeu e Julieta" Sou grata à os seus olhos, sua boca, sua pele.. Porque Romeu me ensinou praticamente tudo sobre amar. Só não me ensinou à esquecer, mas isso eu aprendi sozinha. Ele me ensinou que podemos amar muitas e muitas vezes.. Só precisamos regar o nosso amor.
Todos os dias. E por isso, que há outro Romeu em minha vida..