sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

15 anos sem Caio Fernando Abreu. ♥

E hoje faz exatamente 15 anos que você se foi, sabe. Quando você se foi eu era um bebê ainda, não sabia nem falar direito e se eu tivesse falado algo poderia ser apenas: Mamãe.
E nessa época, nesse ano de 1996 você estava partindo, você nesse ano tinha parado de regar todas as suas flores, elas que você tanto gostava. No dia 25 de Fevereiro de 1996 você tinha parado de usar um papel e uma caneta, suas mãos não tinha mais movimentos algum, deveria estar gelado, como todo mundo que parti fica né? Não entendo o porque você ficam gelados, frios, parecendo que não se há nada por dentro. Mas eu creio que dentro de você havia muita coisa escrita, muita coisa vivida, experiências que você mesmo distante, compartilha conosco em seus textos até hoje.
É difícil dizer sobre o que sinto quando olho o seu sorriso em uma foto em preto e branco, é difícil dizer a sensação que se passa dentro de mim naquele momento, parece que eu te conheci mesmo nunca tendo te visto, parece que eu já havia te tocado, abraçado...

O dia 25 de Fevereiro ficará marcado no meu coração e no coração de todas as pessoas que te consideram um escritor extraordinariamente incrível, ficará marcado no coração de todas as pessoas que sabem te olhar com ternura, muita ternura.

Olhe pra mim, mesmo distante, saiba meu querido amigo que eu oro por ti, saiba que eu peço por você, sua alma, e seus textos, a todos os deuses que eu conheço eu peço, peço até para o que não existe, isso sempre me interessou muito mesmo, mas agora não importa... O que importa é que você esta aí, em qualquer lugar, nos vendo, nos sentindo da mesma forma que sentia quando vivia. Sei que sempre teve medo da vida e não da morte, por isso sei que esta bem, olha... Se isso te consola direi: Todos nós passaremos por isso e um dia nos encontraremos aonde quer que seja, um dia, quem sabe, poderei olhar o seu sorriso bem de perto meu lindo, quem sabe um dia poderei te tocar com o dedo mindinho e me emocionar por tal ato. Quem sabe um dia eu converse com você sobre os defeitos que um virginiano tem, quem sabe um dia nós dois podemos comemorar nossos aniversários juntos já que faz um dia antes de mim. Adoraria olhar nos seus olhos e dizer o quanto tu me encantas, e eu diria assim mesmo ó: Tu me encantas Guri!
Hoje no dia 25 de Fevereiro de 2011, fiquei extremamente inquieta, pensava em como estava aí, nesse lugar onde você esta, ficava pensando em como estaria os seus textos que sei que foram escritos mas não publicados, sei que eles estão bem, junto de ti. Saiba que esse dia me dói muito, me dói fundo, me dói lá dentro onde ninguém pode ver ou tocar, mas pode apenas olhar nos meus olhos para ver que é verdade, dói mesmo. Liguei para a única pessoa a qual converso sobre o quanto tu realmente me encantas, liguei pro meu namorado e disse o quanto estava triste nesse dia e creio que ele deva ter ficado triste junto comigo, mas a verdade é que nós devemos tratar de ser feliz mesmo no dia 25 de Fevereiro né? Mesmo sendo um dia como qualquer outro, pra mim tem um significado tremendo: O maior escritor Gaúcho, virginiano, do sorriso mais lindo de orelha a orelha, se foi, 1996 ficará marcado em mim como alguém marca a ferro em brasa.

Saiba que eu te admiro muito, aonde quer que esteja irei te admirar, você é eterno em mim. Te cuida aonde quer que estejas.

“E uma estrela se foi... Eterno Caio F. Abreu”

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Duas.


Nada nunca esteve tão perdido que eu fosse obrigada a olhar embaixo da cama, nas gavetas, em cima do guarda-roupa, dentro dos sapatos e até mesmo na garrafa de whisky. Nunca fui obrigada a procurar o sol nos dias mais quentes do ano, como estou sendo agora, o frio na época do inverno, as flores da primavera e também, a chuva quando se esta praticamente caindo o mundo. Estava procurando apenas uma coisa que eu realmente não consigo encontrar e até agora, não achei. Tantas coisas no decorrer da minha vida aconteceram, tantas procuras inúteis, tantos desejos insaciáveis que não foram curados, tanta dor passada, tantas coisas perdidas que não foram encontradas. Devo não ter procurado direito, devo não ter olhado direito nos pequenos cantos da casa, devo não ter olhado debaixo do banco do carro, dentro da bolsa, nos bolsos das calças, dentro das gavetas do banheiro... Devo ter escondido bem, pensei comigo mesma. Procurei até dentro da casinha do cachorro e não encontrei, mas quando olhei mais afundo, quando fui procurar na cozinha, encontrei dentro da gaveta da pia perto das minhas melhores facas, a carta estava junto da bolsinha dourada, o meu porta cigarros, a carta estava amarela, muito amarela... Para estar daquele jeito, devo não ter aberto aquela gaveta a um bom tempo, a tanto tempo que nem me consigo me lembrar da ultima vez que coloquei um avental, peguei minhas melhores facas e fiz a minha melhor receita, strogonoff. Ela adorava. Adorava quando eu cozinha aos dias de domingo, dizia que eu ficava linda de avental e na cozinha. Sempre achei cozinhar um tanto instigante, prazeroso na comida e também, nos desejos, sempre achei que uma cozinha e uma boa receita instiga qualquer um... E com ela era bem assim. Fui procurar essa carta porque ontem a noite eu tive um sonho, sonhei que ela me queria tanto quanto eu a queria. Dormíamos bem juntas, nuas, mas sem malícia nenhuma naquele momento, pelo contrário, a doçura estava estampada nos nossos olhos que naquele momento, estavam fechados. E eu sonhava com ela, mesmo ela estando ao meu lado. Não sei se foi impressão minha mas teve uma hora que eu a senti se mexer, e nossas bocas ficaram ainda mais próximas, nossos olhos fechados se encaravam e nossos corpos estavam um pouco mais grudados, quando senti que realmente tinha acontecido, fiquei o mais imóvel possível para não sair daquela posição. Embrulhei ela naquele sonho, peguei-a pela cintura e a trouxe para mais perto do meu corpo, ela abriu os olhos e sorriu, olhei pra ela e comecei a gargalhar... E ríamos juntas sem parar. Eu queria muito aquele momento, como ela queria. Peguei nos seus enormes cabelos longos e lisos e a puxei contra minha boca e a beijei, e felizmente ela correspondeu. Depois disso, ela pegou pela minha mão e disse o quando estava feliz por estar ali, o quanto queria estar ali, eu sorri sem graça. Mas logo em seguida abri um sorriso enorme quando ela veio se aproximando novamente para uma nova tentativa de beijo. No meu sonho nós duas ficamos assim, entre abraços, beijos, mãos e mais beijos. O que importava ali era que ela me queria o tanto que eu a queria. E era exatamente isso que importava.