domingo, 12 de dezembro de 2010

Ninguém ao lado.


E talvez as minhas confissões baratas não encha nem o buraco do seu dente, mas eu falo porque ainda há motivo, porque ainda existe uma força maior que une essa nossa mentira que dura por tanto tempo. Estou na cidade vizinha e mesmo assim, nunca nos vemos, estou desse lado de cá e você do lado de lá e mesmo assim, penso muito nas mentiras que aqueceram a minha alma durante um tempo. Mesmo com tudo que passou por essa esquina conturbada, eu ainda vivo e penso muito no que um dia fez bem a minha mente, com um cigarro na mão e uma bebida na escrivaninha ao lado, eu sei que não preciso fingir que ainda existe alguma inocência. Me toca e realmente me trata como uma vagabunda, e isso não é inocente, eu mesma sei, mas gosto do que acontece entre os nossos dois vulcões em erupção. Gosto de sentir o suor da pele e ainda mais a gagueira de não conseguir se falar o que deseja, eu peço silêncio e as suas mãos ficam trêmulas, sei que não consegue lidar com o que desconhece, mas eu peço que segure minha mão e que acredite mais uma vez nas mentiras de uma vadia qualquer. O meu veredito entrou na minha casa e ele diz que sou culpada por tudo que vem acontecendo nesses tempos, mas eu não acredito no que dizem, mesmo sabendo disso, finjo pra mim mesma que continua viva a inocência no meu corpo e principalmente na minha alma. Porque não interessa quantas luzes entrou na sua casa, interessa se ela conseguiu atravessar o seu corpo e se apoderar da sua alma. As suas acusações descansam em paz e pela primeira vez eu consigo descansar mesmo com o medo ao meu lado, pela primeira vez eu consigo dormir sozinha esta noite sem me sentir culpada. Eu sei que a obsessão nunca termina corretamente, mas pouco importa, no dia seguinte encherei a cara mais uma vez com bebida barata e acordarei ao lado de quem nem conheço. E no dia seguinte, me sentirei sozinha novamente com as minhas mentiras que mais uma vez, só conseguiu convencer alguém por só uma noite. E finalmente sentirei o peso de todos os crimes que carrego e deitarei a cabeça e pensarei novamente em mentiras que não me faça acordar sozinha no dia seguinte.